Assim como já foi escrito um Prólogo dos prólogos, é bem provável que se tenha imaginado - se isso ainda não se fez, está na hora de alguém fazê-lo - colocar em letra de forma uma espécie de Apresentação das apresentações, a funcionarem ambos como gavetas de assuntos e de estilos, em que um escritor bissexto possa recolher generalidades de boa cepa, a fim de se desincumbir da tarefa de fazer prefácios, introduções ou coisas do gênero, e colocá-las no papel, ao alcance comum dos mortais.
Assim concebidos, esses modelos prêt-à-porter resolveriam problemas do gênero, não fossem as exceções - sempre elas -, a exigir engenho e arte de prefaciadores e apresentadores, quando personagens e escritos, artistas e obras, pela sua singularidade, não puderem agasalhar- se em vestimentas-padrão. Pois bem, esse é exatamente o caso desta nossa Apresentação: imaginar um modo especial de apresentar um livro especial, em homenagem a um indivíduo igualmente especial - Carlos Ayres Britto -, se esse personagem é de todos conhecido por todos admirado, como jurista, filósofo, poeta e prosador da melhor estirpe, sem cairmos na banalidade de enaltecer os seus atributos intelectuais, sua densa e multifacetada cultura, que nada tem a ver com os vistosos andaimes da erudição, que, via de regra, impressionam à primeira vista, mas não resistem a um olhar crítico mais atento. Pois bem, se pouco ou quase nada se tem a dizer - porque praticamente tudo já foi dito sobre o homme des lettres Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto -, felizmente permanece ilimitado o universo das coisas que se podem dizer sobre esse homem demasiado humano, sobre esse indivíduo que ao primeiro encontro, em qualquer ambiente ou em qualquer situação, todos que dele se aproximam logo se acostumam a admirá-lo e querê-lo bem.